EIXO POLIVALENTE – UMA CIDADE SOBRE A LINHA FÉRREA

Projeto para ocupação do espaço sobre a linha férrea chamado de eixo polivalente que pode conter apartamentos, hortas, escolas, restaurantes, bares e lojas. Sergio integra, nesse projeto, educação, lazer, serviços e transporte.

O espaço ocupado pela malha ferroviária da cidade do Rio de Janeiro, com um total de 3.150.000 m², surgiu para Sergio Bernardes como uma oportunidade de reorganização urbana, especialmente para minorar uma grande dívida do país – o déficit de habitação de caráter social.

HOTEL TAMBAÚ

A edificação se integra a paisagem formando como que uma península – prolongamento da terra para o mar. De concepção inovadora, a forma de um grande anel de dois pisos servidos por rampas panorâmicas, opõem-se funcionalmente ao conceito tradicional de verticalização.

A simplicidade de suas linhas atenua a grandiosidade da forma. Possui 120 quartos todos com vista para o mar, além de jardins internos, duas piscinas, restaurante e bar, cine-teatro, centro de convenções, lojas, galeria de exposições e boate.

A proximidade do prédio com o mar permite que, em dias de ressaca, haja o encontro das águas  com o entablamento sobre o qual se assenta o hotel, e o transpassar das águas através dessa estrutura produz um efeito sonoro ao qual Sergio Bernardes chamava de “bochecho”. Pelo outro lado, um talude gramado esconde a construção por trás de uma grande duna, fazendo com que quem chega ao hotel não perceba a forma da construção.

A cobertura é plana para evitar qualquer interferência na visualidade externa da paisagem.

RESIDÊNCIA LOTA DE MACEDO SOARES

“Sérgio Bernardes, com apenas 32 anos, elabora um dos mais radicais projetos de residência moderna. Um telhado de alumínio ondulado repousa sobre uma treliça metálica e finos pilares de aço, sobrevoando e protegendo a construção, que alterna espaços abertos e fechados. Planos de vidro, tijolos e pedra organizam os espaços: numa das extremidades estava o apartamento íntimo das moradoras, com nível um pouco mais elevado que os demais. Uma longa e elegante galeria em rampa de dois trechos serve como varanda e conduz ao estar social e aos aposentos dos inúmeros e constantes hóspedes, situados na outra extremidade, de modo a garantir-lhes o máximo conforto e privacidade. Visitas que incluíam, além daqueles amigos intelectuais já citados, estrangeiros ilustres que visitavam o Brasil, como o poeta Robert Lowell, Alexander Calder, Monroe Wheeler e Aldous Huxley.

A casa, aberta para os amigos e para a natureza foi edificada ao longo de três longos anos, devido ao pioneirismo de muitos de seus materiais e o esmero dos acabamentos. As treliças, por exemplo, foram montadas no canteiro de obras a partir da dobragem de longarinas de vergalhões de aço usualmente empregados como estrutura interna das estruturas de concreto armado. Os vergalhões foram soldados em “zig-zag”, entre as compridas peças laterais. No acabamento final essas últimas foram pintadas de preto enquanto os trechos intermediários, em “v”, eram brancos.

A casa obteve o prêmio para obras de arquitetos abaixo de 40 anos na II Bienal de São Paulo, conferido por júri ilustre integrado por Alvar Aalto, Walter Gropius e Ernest Rodger. Esse não foi, contudo, o único prêmio a contemplar a casa e seus habitantes. Elizabeth Bishop foi agraciada, em 1955 com o Pulitzer de Poesia, em reconhecimento a seu livro Poems: North & South – A Cold Spring. Escrito em Samambaia, tinha entre seus poemas um dedicado à própria morada, a “Canção para a estação das chuvas” que assim terminava: “o vapor / escala a vegetação espessa / sem esforço, volta-se / e envolve ambas, /casa e rocha, / numa nuvem particular” (2).

Essa “residência-galpão”, embora ainda artesanal, foi o primeiro experimento consistente do uso de estruturas metálicas no Brasil, prenunciando um fértil caminho que seria desenvolvido por Bernardes nos anos que se seguiram. A sobriedade e economia de suas formas retas e planos abertos incorporava a paisagem e a rusticidade dos materiais locais.”

CAVALCANTI, Lauro. A importância de Sér(gio) Bernardes. Arquitextos, São Paulo, ano 10, n. 111.00, Vitruvius, ago. 2009.

Ver também:
Fatos raros – Quando a ficção não é melhor que a realidade
Kykah Bernardes

BERNARDES, Kykah. Fatos raros. Quando a ficção não é melhor que a realidade. Drops, São Paulo, ano 14, n. 073.01, Vitruvius, out. 2013.

FÁBRICA SCHERING

Em 1974, Sergio Bernardes foi convidado para projetar a maior fábrica da Shering (indústria química e farmacêutica) . Quatro blocos principais foram dispostos ao redor de um grande lago quadrado (50×50 m), que se destinava a coletar águas pluviais da cobertura, funcionar como reserva contra incêndio, sistema de água gelada do ar condicionado e rega dos jardins. “Sergio imaginou que o ideal seria se todo esse conjunto ficasse protegido por um elemento (a grande cobertura em treliça espacial ) que, a um só tempo, organizaria os espaços permitindo suas ampliações e manteria a indispensável unidade arquitetônica ao projeto”, (Murillo Bobaid, arquiteto e colaborador de Sergio Bernardes no escritório SBA).

“Sergio Bernardes projetou então uma grande cobertura, com quase 47000 m², que acolhe e coordena as quatro unidades de funções conexas que compõe a fábrica: administração, restaurante e vestiários, centro de utilidades e prédio farmacêutico. Cada uma dessas unidades permanece independente, tanto formal quanto estruturalmente, da cobertura, e constitui um volume prismático que não chega a denunciar sua função.” NOBRE, Ana Luisa In: BERNARDES, Kykah e CAVALCANTI, Lauro (org.), Sergio Bernardes. Rio de Janeiro: ARTEVIVA, 2010, p. 131.

Dados do projeto:

Apoios entre pilares: 40,00 x 50,00 m

Altura dos pilares: 9,00 m – concreto armado

Altura da treliça: 3,00 m – treliça tri-dimensional tubular de alumínio

Balanço do beiral: 10,00 m

Cobertura: telha trapezoidal de alumínio fixada na treliça

Todo o conjunto está a 5,00 m acima das construções para permitir ventilação cruzada

CASA ALTA

O projeto foi pioneiro no Brasil ao oferecer a planta livre.

Como o próprio nome sugere, Casa Alta parte do princípio de um loteamento vertical. Nele o proprietário adquiria um espaço onde, de acordo com seus hábitos, necessidades e planejamento familiar e financeiro, construiria sua moradia.

Uma das vantagens desse sistema de unidades moduladas é que o cliente teria a liberdade de decidir a divisão interna do apartamento, uma vez que tudo poderia ser modificado ao longo do tempo, podendo, inclusive, contratar desde o início um arquiteto de sua preferência.

Cada proprietário poderia escolher entre fechar sua unidade com uma das soluções disponíveis: vidro; painel cego; nicho para ar condicionado; venezianas fixas; venezianas móveis e basculantes, criando, dessa forma, uma programação visual dinâmica dentro de um ritmo que estabelece a unidade estética do projeto.

“A arquitetura passa a ser apenas o ritmo que acompanha e mantém a melodia da liberdade humana de situar-se em um espaço escolhido.” Sergio Bernardes.

 

CÉLULA DE INFORMAÇÃO SUBMARINA

São células para informação que colocadas no fluxo das correntes marítmas funcionam como fontes permanentes de informação da vida submarina e das mutáveis condições oceânicas. Estrategicamente distribuídas, formam uma rede ortogonal de informação em que cada equipamento, cobrindo uma circunferência de cerca de 50 milhas de raio, funciona como ponto de expedição para equipes de exploração e pesquisa.

Laboratório de Investigações Conceituais, 1980.