CABANA
Sutilmente implantado sobre o terreno no Saco do Mamanguá, em Paraty,– um fiorde tropical com acesso apenas por barco – o projeto é um refúgio na mata. Nesse contexto, a disposição dos volumes foi determinada pela posição das árvores e vegetação intocada da mata atlântica.
Tendo como prioridade a preservação natural, a proposta foi dividir a construção em três volumes, seguindo o perímetro das edificações anteriormente existentes no terreno: uma garagem de barcos, próxima à água para entrada; a cabana, em um nível acima, privilegiando vistas desobstruídas; e por fim, ao fundo do terreno, uma casa de caseiro e áreas técnicas. A primeira e esta última foram requalificadas a partir do estado original que foram encontradas.
Erguido sobre o perímetro da antiga edificação, o bloco principal tem apenas o essencial: uma varanda, cozinha, banheiro e dormitório. Aqui, o mais importante é o espaço natural, e a construção é apenas um amparo.
Em termos logísticos, uma vez que o terreno encontrava-se afastado e com acesso apenas por pequenas embarcações, optou-se por sistemas estruturais leves e peças com pequenas dimensões. Com isso em mente, a madeira laminada colada (MLC) foi o material adotado para a estrutura, enquanto aos fechamentos, painéis modulares compostos por placas de compensado naval pintados, todos com dimensão comercial das placas e com juntas de madeira sarrafeada maciça aparentes. Essa abordagem permitiu facilidade no transporte e que o canteiro de obras agisse como um sistema de montagem, garantindo rapidez, baixo impacto ambiental e maior qualidade das peças.
Projetualmente, a residência é muito simples: um deck de madeira, um grande beiral apoiado sobre esbeltos pilares de seção circular, e uma parede linear cortando sua extensão e que por sua vez, resguarda a cozinha e suíte.
A área social é na verdade uma grande varanda, aberta, conectando-se a natureza, ora protegida pela copa das árvores, ora avistando o mar entre as folhagens. No perímetro, um banco de madeira faz o papel de guarda-corpo. Este espaço tem toldos como único fechamento. Aos fundos, a área de serviço e privada recebem painéis modulares que delimitam o espaço. As portas e janelas também funcionam como painéis, alinhadas às divisórias e com montantes em madeira maciça aparente.
No espaçamento entre a viga e o barrote, portinholas foram instaladas, permitindo que a brisa flua pelo espaço quando abertas.
Pelo fato de o local não ter infraestrutura para energia elétrica, optou-se por instalar um gerador de energia, disposto junto à casa do caseiro, como área técnica. A água é captada de fonte de água corrente. Já o chuveiro é aquecido a gás.