CASA MAJ
Implantada em um bairro paulistano predominantemente residencial, a Casa MAJ foi projetada a partir da simplificação da matéria e permeabilidade visual.
Cercada por outras casas e inexistência de vistas privilegiadas ao horizonte, optou-se por concentrar a massa principal na porção frontal do lote, criando uma vista própria ao jardim na área traseira. A partir disso, estruturalmente, a casa é pensada de maneira muito simples: sobre um plano horizontal em concreto (laje) erguido a 50 centímetros do solo, quatro empenas de concreto armado são sutilmente dispostas – duas delas em cada extremidade, sendo as duas centrais em diagonal – e que por sua vez configuram volumes trapezoidais que acomodam os espaços de apoio (cozinha, copa, lavanderia, e áreas de serviço no primeiro deles; e home theater e lavabo no segundo). Esta solução viabilizou um vão livre central de 13 metros de comprimento que acomoda o living e recebe fechamentos em caixilhos de vidro que podem ser recolhidos, integrando o espaço interno ao exterior.
As empenas centrais, por sua vez, extrapolam os limites do perímetro do piso, em direção ao jardim, de modo que estas parecem flutuar sobre o gramado. Perpendicular aos dois blocos de concreto, o vigamento de madeira laminada colada de eucalipto é disposto sobre o embasamento, acomodando as áreas íntimas no pavimento superior. Este volume, por sua vez é integralmente construído em um sistema estrutural leve industrializado em madeira, desenvolvido em parceria com a ITA Construtora, que permitiu rápida execução, baixa produção de resíduos e qualidade das peças.
No pavimento térreo, o contraponto das tonalidades claras das superfícies das paredes e piso em placas de concreto junto ao calor da madeira no forro e mobiliário, torna o espaço leve e aconchegante. No mobiliário do estar, destacam-se peças icônicas do design brasileiro, como o sofá São Conrado e poltrona Siri de Cláudia Moreira Salles, compostas junto a outros clássicos modernos, como a luminária Akari-10A do designer nipo-americano Isamu Noguchi. Assim como a própria arquitetura, a ideia de leveza é conduzida ao mobiliário, com peças que a base inferior não encosta integralmente sobre o piso, mas, elevadas, têm estruturas que sutilmente tocam a superfície, como o sofá da marca italiana Poliform. A cor é introduzida minimamente nos objetos decorativos, almofadas e estofado da poltrona de Claúdia Moreira Salles.
A sala de jantar central tem mesa em madeira maciça, mesma do mobiliário do estar, e desenho especial da Bernardes Arquitetura, acomodando até 12 pessoas. Na composição, 10 cadeiras clássicos do design escandinavo, Wishbone e Round, de Hans Wegner, adquiridas pela Artesian; e Hoffmann Chair, de design original do austríaco Josef Hoffman. Na área gourmet, os armários são revestidos por madeira ebanizada fosca e o tampo e balcão em granito siena.
No pavimento superior, a madeira predomina no piso e marcenaria com desenho da Bernardes. Os dormitórios infantis tem bancadas de estudos com áreas de armazenamento. A suíte master é provida de closet. Aos fundos, a varanda integrada a todos os dormitórios e escritório, com forro e piso de madeira, recebe peças metálicas verticais em diagonal com brises horizontais de madeira, protegendo da insolação direta e permitindo que a brisa flua.
Apesar de ser uma casa urbana, a paleta de materiais naturais na construção e mobiliário, somado as soluções de integração, trouxeram a sensação de casa de veraneio ou fim de semana, em contrapartida, a permeabilidade visual ao jardim tropical com folhas de bananeira, coqueiros e philodendros, assinado por Daniel Nunes.
Local:
São Paulo, SP
Data do projeto:
2020
Área:
710 m²
Arquitetura:
Bernardes Arquitetura
Interiores:
Bernardes Arquitetura
Equipe:
Thiago Bernardes (Diretor Criativo), Dante Furlan, Camila Tariki, Gabriel Falcade Forti, Marina Salles, Fausto Sombra, Patricia de Souza, Gleice Sangrerorio, Robernildo Araujo, Ana Carolina Zuin
Paisagismo:
Daniel Nunes
Iluminação:
FOCO – Luz & Desenho
Fotos:
Haruo Mikami
Tags:
#casa #interiores